O Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo, em 2030, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A expectativa de vida vem aumentando e hoje, em média, um brasileiro vive 76,6 anos. Estamos vivendo mais, mas será que estamos vivendo melhor? Mais da metade dos adultos brasileiros receberam diagnóstico de alguma doença crônica: diabetes, hipertensão, câncer ou alguma doença do coração.
Viver mais e de forma saudável é o desejo de muitos, mas realidade somente de alguns. No entanto, existem regiões do planeta que superam a estimativa mundial e possuem moradores com mais de 100 anos. Na ilha de Icária, na Grécia, 1 a cada 3 pessoas chegam aos 90 anos. Já em Okinawa, no Japão, a cada 100 mil pessoas, 35 serão centenários.
Jornalistas e pesquisadores, curiosos com esses lugares em que os habitantes vivem acima da média e envelhecem de forma saudável e feliz, resolveram chamar essas regiões de Blue Zones ou Zonas Azuis.
As cinco regiões são:
1. Ilha de Icária, na Grécia;
2. Loma Linda, na Califórnia (EUA);
3. Okinawa, no Japão;
4. Península de Nicoya, na Costa Rica;
5. Vilarejo de Nùoro, na Sardenha, Itália.
Contrariando o consenso genético, o estilo de vida dessas populações é o elemento fundamental na longevidade dos moradores. Então, o que podemos aprender com eles?
Entre os hábitos que aumentam a expectativa de vida dos moradores dessas regiões, destacam-se:
· Estar em movimento;
· Ter um propósito de vida;
· Saber desacelerar;
· Ter uma alimentação muito rica em vegetais e comer o necessário;
· Pertencer a uma comunidade;
· Manter as relações familiares e os círculos sociais.
Nessas áreas, as atividades físicas estão ligadas às tarefas do cotidiano, como deslocar-se pela cidade, praticar jardinagem e caminhadas por ladeiras e morros. Com isso, o fortalecimento cardíaco e muscular, tão necessário ao longo da vida, se consolida sem a exaustão de apenas uma hora em uma academia. Outro elemento importante é a espiritualidade. Em Loma Linda, a comunidade adventista é muito forte e fazer parte de uma comunidade acrescenta de 4 a 14 anos na expectativa de vida.
A alimentação também não tem lugar para exageros em carnes, principalmente as vermelhas e é predominantemente constituída por alimentos locais. Estamos falando dos grupos de alimentos naturais e frescos como frutas, hortaliças, cereais, grãos integrais e sementes oleaginosas no centro da alimentação.
Mas, é possível adaptar essa alimentação à realidade do Brasil? Valorizando nossas tradições por meio da culinária afetiva e do caderno de receitas da família é uma forma de nos aproximar de hábitos saudáveis para a longevidade. Nosso padrão de dieta brasileira, como base, é muito saudável. Estamos falando de meio prato de hortaliças e outra metade de arroz e feijão. Essa combinação do arroz e do feijão é o nosso patrimônio e a chave para vivermos mais e saudáveis. Precisamos proteger, apoiar e estimular, porque, além de tudo, nutricionalmente, é bem equilibrado.
Então anotem aí: arroz e feijão, caminhar sempre, realizar atividades ao ar livre e conviver com grupos de pessoas que compartilham seus valores e ideias, ou seja, pertencimento.
Fonte: Dra. Carolina Pimentel
Nutricionista com Mestrado e Doutorado em Ciências da Nutrição pela
Universidade de São Paulo. Certificada como Lifestyle Medicine Professional e diplomate of CBMEV/IBLM
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